Foto: Paulo Ricardo/Futura Press/Estadão Conteúdo
O relatório final do Centro de
Investigações e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) sobre o acidente aéreo que matou 7 membros da
família Silveira Mello em 14 de setembro de 2021 em Piracicaba, foi divulgado
na última semana. Excesso de peso na decolagem e aumento de velocidade da hélice de
um dos motores foram algumas das causas apontadas.
Na data do acidente, o
empresário Celso Silveira Mello Filho, sua esposa, três filhos, piloto e
copiloto, partiram pouco antes das 9h do Aeroporto Municipal Pedro Morganti, em
Piracicaba. A viagem teria como destino o Pará, para uma fazenda da família,
onde passariam uma semana.
O
avião caiu 15 segundos após a decolagem, em uma área de mata próxima à
Faculdade de Tecnologia (Fatec), no bairro Santa Rosa. A aeronave King Air B200
havia retornado da oficina um dia antes.
O relatório não
identificou falhas mecânicas no voo do acidente, mas elencou supostos erros de
operação.
Segundo o Cenipa, o avião estava
operando com 623 quilos acima do peso máximo permitido, o que comprometeu sua
sustentação. A investigação identificou também que a hélice esquerda
estava operando mais rápido que a hélice direita. Com isso, os pilotos teriam
descuidado da velocidade, que se reduzia.
"No voo da ocorrência, a
tripulação fixou-se no excesso de rotações por minuto, não tendo notado, em
tempo hábil, que a velocidade se reduzia, fato que limitou a possibilidade de
se reagir tempestivamente à condição de estol [termo que se refere a perda de
sustentação das asas de um avião que pode causar uma queda brusca].”, diz
trecho do relatório, que também analisa a percepção dos pilotos diante a situação.
“A condição de estol,
provavelmente relacionada à gradual redução de velocidade que se seguiu à
redução dos manetes de potência, não foi percebida em tempo hábil para que
pudesse ser projetada uma reação. Naquele contexto, houve a percepção
exclusivamente da condição de RPM da hélice ligeiramente excessivo.”
De acordo ainda com o relatório,
uma possível manobra de embandeiramento pode ter dado início à perda de
controle da aeronave.
Segundo o Cenipa, o relatório é voltado a prevenir outros acidentes aeronáuticos futuros. Ao final do documento, a unidade recomendou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac): "Analisar a viabilidade de estabelecer prazo de validade dos endossos emitidos para modelos específicos de aeronaves Classe, como o B200, a fim de assegurar que os pilotos passem por um processo de reciclagem nesses modelos de aeronaves."
- Da redação