A Corregedoria da Polícia
Militar do Estado de São Paulo prendeu nesta quinta-feira (16) o cabo da
Polícia Militar Denis Antonio Martins, de 40 anos, suspeito de ter matado o
empresário Vinícius Gritzbach, delator
do PCC executado no ano passado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em
Guarulhos.
Gritzbach, acusado de
envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da
Capital (PCC), se tornou um delator da facção criminosa. Em sua delação
premiada, firmada com o Ministério Público, ele revelou os nomes de pessoas
ligadas ao PCC, além de apontar policiais militares como envolvidos em práticas
de corrupção.
A prisão de Martins faz parte
de uma grande operação conduzida pela Corregedoria, focada em desmantelar
esquemas dentro da corporação. Durante a ação, outros 14 policiais militares
também foram detidos, suspeitos de vazar informações sigilosas com o intuito de
beneficiar membros do PCC e facilitar suas atividades criminosas.
São 15 presos. Quatorze deles
atuavam numa escolta ilícita de segurança pessoal de Gritzbach. Entre esses 14
havia um tenente que atuava como chefe da equipe. Os policiais chegaram a usar
um veículo que imitava uma viatura descaracterizada, segundo a investigação. A
intenção era valer-se da função de policial militar para dar aparência de que
aquilo era uma segurança pessoal. Outro tenente preso facilitava as escalas de
serviço de seus subordinados. O 15º preso, cabo Denis Antonio Martins, é o
suspeito de ser autor de um dos disparos.
Em coletiva de imprensa nesta
tarde, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite,
informou que a investigação usou várias ferramentas de inteligência para chegar
à identificação do atirador. Desde a quebra do sigilo telefônico até o trabalho
das estações rádio-base e imagens de câmera de segurança foram fundamentais
para identificar o atirador. Agora, será realizada a coleta de material
genético dos indivíduos presos e comparação com o material genético coletado no
dia do assassinato.
“Alguns (policiais) realizavam
escolta ilegal. Conseguiu-se comprovar que os policiais sabiam da conduta
delituosa antes e depois, que o Vinicius era um criminoso que tinha função
específica na lavagem de dinheiro e que continuava cometendo atos ilícitos após
a delação premiada feita com o MP”, explicou Derrite, que ainda acrescentou:
“Outro policial que não estava sendo investigado foi colocado na cena do crime.
Com imagens, vídeos, fotos do dia do assassinato e imagens coletadas pela
Corregedoria, chegou-se a conclusão que esse indivíduo é um dos atiradores e
foi solicitada a prisão temporária. Ele já está sob custódia”.
O corregedor da Polícia
Militar de São Paulo, coronel Fábio Sérgio do Amaral, e a delegada Ivalda
Aleixo, diretora do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHPP), deram mais detalhes sobre a apuração do caso.
“Vinicius era réu por duplo
homicídio de líderes do PCC. Era réu e delator por ser envolvido com lavagem de
dinheiro para o PCC. Os policiais tinham conhecimento disso e voluntariamente e
conscientemente aderiram e continuaram fazendo segurança pessoal desse
indivíduo. Por isso, foram considerados integrantes da organização criminosa”,
disse o corregedor.
“Com a prisão de um dos
atiradores, a investigação do homicídio e do mandante vai prosperar rápido”,
disse a diretora do DHPP . “Temos quebras (de sigilo telefônico) que nos levam
a outras pessoas, que não são policiais militares. Quanto aos mandantes, temos
duas linhas de investigação, ambas (consideram que o mandante seria integrante)
de facção. Foi um crime encomendado por membro do PCC e temos linhas adiantadas
de investigação”.
O secretário Guilherme Derrite
ressaltou que desvios de conduta não serão tolerados na Polícia Militar e que
os casos em questão são exceção:
“A PM é uma instituição com mais de 80 mil homens. A exceção da exceção comete desvio de conduta e podem manchar o nome da instituição. Esses que cometem esse desvio de conduta vão responder por isso, com direito a ampla defesa, mas vão responder.”
Texto: Da redação | g1 | SSP
Publicado por: Enzo Oliveira | TV Metropolitana