No último sábado do mês, 25 de janeiro, às 10h, o Hall do Teatro Erotides de Campos, no Engenho Central, será palco da 7ª edição do Ato Memorial às Vítimas do Holocausto, promovido pela Associação Memoria Amigos de Sião (AMAMOS), braço local do World Jewish Congress. O evento, que é apolítico, laico e apartidário, busca relembrar os horrores do Holocausto e prestar uma homenagem às milhões de vítimas do regime nazista.

Esta edição do Ato faz parte da campanha global #WeRemember, que mobiliza a sociedade mundial através das redes sociais, reforçando a necessidade de lembrar o Holocausto e evitar a repetição de tragédias semelhantes; e em 2025, o evento ganha ainda mais relevância por marcar os 80 anos do fechamento do Campo de Concentração de Auschwitz, ocorrido em 27 de janeiro de 1945.

Com coordenação do jornalista Mauricio Ribeiro desde sua primeira edição, em 2019, o ato conta com a parceria da Prefeitura de Piracicaba, por meio da Secretaria Municipal da Ação Cultural (SEMAC), que oferecem toda a infraestrutura necessária ao evento. Durante a cerimônia, serão acesas sete velas, representando os grupos vitimados pelo nazismo: judeus, negros, maçons, comunidade LGBTQIA+, deficientes físicos, opositores ao regime e perseguidos religiosos.

Participam do momento simbólico representantes da comunidade local, como o modelo negro Lucas Redu e a arquiteta e mulher trans Jhullia Matos; dentre outros cidadãos especialmente convidados para o ato, como Patrícia Polacow, jornalista e bisneta de Adolph “Haim” Polacow, judeu que fundou a sinagoga de Piracicaba, hoje extinta; e também a médica Marie Brihier e sua filha Pietra Brihier, neta e bisneta de Félix Boutu, combatente francês e sobrevivente do Holocausto. O evento terá um foco cultural, com a participação especial das atrizes da Cia Teatral Kadimah, que apresentarão a intervenção teatral “Somos Todas Anne Frank”.

Cada uma das atrizes interpretará um monólogo extraído do Diário de Anne Frank, trazendo à tona as reflexões da jovem sobre a vida durante o Holocausto. Haverá também a leitura de textos alusivos à data pelo casal Cássio e Ivana de Negri, renomados escritores piracicabanos, que já tiveram a oportunidade de visitar o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.

Segundo Mauricio Ribeiro, “a arte é um elemento essencial para a condução do Ato; ajudando a ressignificar nossas memórias e auxiliando a construção de um futuro menos doloroso no que se refere ao respeito à vida e às diferenças”. A organização do evento conta com o apoio de membros da sociedade civil e voluntários, como a jornalista Sabrina Scarpare, que será responsável por conduzir o cerimonial; e o violinista Luis Fernando Fischer Dutra, que conduzirá com música judaica todo o evento, como o tema “HaTikvah”, hino nacional de Israel, cantado pela jovem judia Aline Bueno.

Mauricio destaca que, a despeito da condução do ato em torno da cultura judaica (foram 6 milhões de judeus mortos pelo nazismo), o evento é laico e inclusivo. “Pessoas de todas as origens e confissões de fé serão bem vindas”; ao mesmo tempo que tudo está sendo planejado para não ter nenhuma conotação política. “Não compactuamos com os polos envolvidos no conflito no Oriente Médio, e somos entusiastas de uma solução pelo diálogo”, define; e finaliza afirmando: “A causa da lembrança está acima de qualquer bandeira ou corrente ideológica. É preciso relembrar para não repetir”.

Texto: Mauricio Ribeiro | Jornalista

Publicado por Danilo Telles | Jornalista da MTV