A Usina São José, pertencente
ao Grupo Farias, teve sua licença ambiental suspensa pela CETESB (Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo) devido à mortandade de peixes no Rio
Piracicaba, ocorrido em julho deste ano. A usina, atualmente em recuperação judicial,
foi apontada como responsável pelo descarte irregular de melaço de
cana-de-açúcar e está recorrendo de uma multa de R$ 18 milhões imposta pela
entidade.
Recentemente, a empresa tentou
conseguir uma liminar para reverter a suspensão da licença, alegando
irregularidades na decisão da CETESB. No entanto, essa solicitação foi negada
pelo juiz Wander Pereira Rossette Júnior, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Piracicaba,
em 25 de novembro. O juiz acatou o parecer do Ministério Público de São Paulo
(MPSP) e da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, publicado anteriormente,
que se manifestou contra a liminar.
Em sua decisão, o juiz
Rossette Júnior destacou que "o ato administrativo praticado pela CETESB
goza da presunção de legalidade e legitimidade". Ele também mencionou que
as alegações apresentadas pela Usina não eram suficientes para justificar a
concessão da medida de urgência.
Parecer do Ministério Público
Os promotores Ivan Carneiro
Castanheiro e Sandra Regina Ferreira da Costa, juntamente com a analista
jurídica Karoline Rodrigues dos Santos, assinaram um parecer que reforça a
necessidade da suspensão da licença. Eles argumentam que permitir o retorno das
atividades da Usina São José sem que as medidas corretivas fossem implementadas
poderia provocar novos danos ao meio ambiente. O parecer ainda ressalta a
importância da suspensão para a proteção do meio ambiente e da ordem pública,
considerando que as alegações da empresa não justificavam a urgência pedida.
Reações da Decisão
O presidente da entidade SOS
Rio Piracicaba, Gian Machado, afirmou à TV Metropolitana que comemora a
suspensão da licença, destacando sua colaboração nas investigações.
Luís Magossi, conhecido como
Gordo do Barco, também conversou com a Metropolitana, enfatizando que a
tragédia não deveria passar impune e alertando que a recuperação do Rio
Piracicaba pode levar pelo menos uma década. Ele mencionou, ainda, que áreas
como a região do Tanquã, em São Pedro, e Santa Maria da Serra, também foram
afetadas.
Usina São José
Nos autos, a Usina argumenta
que a medida de suspensão é desproporcional e irracional, e que não foram
consideradas as consequências práticas dessa decisão. A empresa também afirma
que a CETESB a persegue e que a suspensão da licença violou seu direito ao
contraditório e à ampla defesa, em desacordo com a Constituição Federal.
A Usina São José não comentou
o caso quando procurada. A reportagem também buscou a Prefeitura de Piracicaba
para uma posição sobre a situação, mas ainda não obteve retorno. O espaço
permanece aberto para manifestações.
Apuração Jornalista Airan
Prada
Publicação: Enzo Oliveira | MTV