Foto: Polícia Militar
O Tribunal de Justiça Militar
(TJM) aceitou a denúncia apresentada pelo Ministério Público de São Paulo
(MPSP) contra dois policiais militares (PMs) suspeitos de furtar um relógio de
luxo e dinheiro durante uma abordagem a um Porsche, ocorrida no dia 29 de
setembro em Caieiras, na Grande São Paulo. A decisão, assinada pela Juíza
Substituta da Justiça Militar, Maria Elisa Terra Alves, foi divulgada na última
quinta-feira, 10 de outubro. O documento menciona relatos coletados, o
reconhecimento feito pela vítima e prints obtidos na investigação como
evidências suficientes da autoria dos PMs Elton Aparecido Leforte e Leandro
Gonçalves Debecchi.
Os denunciados têm um prazo de
10 dias para responder por escrito à acusação.
Detalhes da Denúncia
Os dois policiais foram presos
em flagrante e tiveram sua detenção convertida em prisão preventiva após uma
audiência de custódia realizada no dia seguinte. De acordo com a denúncia do
MPSP, os PMs abordaram a vítima, que estava dirigindo um Porsche de um amigo,
por volta das 6h na Avenida Marcelino Breciani. Durante a abordagem, os
policiais alegaram que o veículo estava envolvido em uma ocorrência de
estelionato e exigiram R$ 20 mil para liberar o motorista.
Ainda segundo a acusação, os
policiais intimidaram a vítima utilizando tom de "grave ameaça" e as
armas da corporação, afirmando que o prenderiam por receptação. Durante a
abordagem, Devecchi pegou o celular da vítima, acessou suas fotos e conversas
pessoais, e até forçou o motorista a abrir seus aplicativos bancários para
verificar o saldo disponível. Enquanto isso, Leforte revistava o veículo sem
que o motorista pudesse ver.
Notando que o motorista estava
usando um relógio de alto valor, Devecchi utilizou um aplicativo de busca para
descobrir que o item valia aproximadamente R$ 5 mil. Ele forçou a vítima a
remover o relógio e colocá-lo sobre a porta do Porsche. Os PMs ainda exigiram o
número de telefone do motorista para cobraram posteriormente a quantia que
deveriam entregar em espécie.
Após a abordagem, a vítima foi
liberada e os policiais embolsaram R$ 1.600 e o relógio de luxo. O MPSP também
destacou que os PMs removeram os crachás de identificação e desativaram as
câmeras corporais para dificultar o registro da ocorrência.
Flagrante e Prisão
Cerca de 1h30 após o
incidente, os policiais entraram em contato com a vítima via aplicativo de
mensagem para cobrar a propina e agendar um novo encontro. No entanto, o
motorista já havia denunciado os policiais à Corregedoria da PM. Quando os PMs
chegaram ao local combinado, foram abordados por uma equipe da corporação e
levados à casa da vítima para prestar depoimento.
Durante a abordagem, foram
encontrados na carteira de Devecchi R$ 855 e o relógio subtraído. Com Leforte,
foram achados inicialmente R$ 604, além de mais R$ 100 encontrados na sede da
Corregedoria. A vítima reconheceu tanto os policiais quanto seu relógio. A
ligação para o número que estava se comunicando com a vítima também tocou no
celular de Leforte, resultando na prisão em flagrante.
Os policiais estão atualmente
detidos no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo. Um dos
advogados de Leforte, Luis Antônio Lobo, informou ao Metrópoles que está
estudando a documentação do caso e planeja se reunir com seu cliente ainda nesta
semana. A defesa de Devecchi não retornou o contato até o momento.
O TJM destacou que a prisão da
dupla se fundamenta na "garantia da ordem pública",
"conveniência da instrução criminal" e "exigência da manutenção
das normas ou princípios de hierarquia e disciplina militares".
Texto: Da redação
Publicação: Enzo Oliveira |
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