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Animais eram mantidos em condições insalubres em um canil clandestino, segundo denúncia; réus negam acusações
A Justiça condenou dois homens a quatro anos e seis meses de reclusão em regime semiaberto por maus-tratos a 23 cães em Iracemápolis (SP). A sentença, assinada na última sexta-feira (31), determina ainda a perda da guarda dos animais, que serão encaminhados posteriormente para adoção.
Em fevereiro deste ano, investigadores da Polícia Civil constataram atos de maus-tratos no canil considerado clandestino. Segundo a polícia, os cães eram mantidos em um corredor pequeno e insalubre, expostos ao sol e à chuva, divididos em baias, com apenas uma casinha de plástico. Agentes também encontraram baratas e um sapo em decomposição no local.
Dos 23 cães, 10 são da raça shih tzu, 4 da raça spitz alemão, 1 pequinês, 5 pinschers e 3 pugs. Os réus são companheiros e eram os responsáveis por prestar os cuidados aos animais.
De acordo com o relatório veterinário, todos estavam em situação de maus-tratos e com doença periodontal. Também foram constatados casos de anemia, otite fungica, verminose, diarreia com sangue, dermatite, processo inflamatório, congestão hepática, desidratação e infecção de urina.

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Na sentença, o juiz Guilherme Lopes Alves Lamas, da 2ª Vara Criminal de Limeira, destacou que o quadro dos animais evidenciava negligência. “Não é possível que, se, de fato, os animais fossem bem cuidados, apresentariam a quantidade de problemas detectados nos laudos”, escreveu.
O magistrado classificou as condutas como de “alto grau de reprovabilidade”, destacando o sofrimento físico e psicológico imposto aos animais.
Os acusados Gilberto Alessandro Vital e Othon Monteiro Ferreira Filho alegaram que acolhiam cães de rua, mas o magistrado rejeitou o argumento com base no laudo pericial apresentado pela veterinária. “A tese de que os réus acolhiam animais ‘de rua’ é inverossímil, pois não é crível que tantos cães ‘de raça’, com valores entre R$ 4 mil e R$ 5 mil, tivessem sido ‘resgatados’ das ruas”, escreveu o juiz.
A sentença também cita que os réus afirmaram ter sido vítimas de uma “armação” para beneficiar ONGs e que um dos cães, por ter “baixo valor” de mercado, não foi apreendido. Segundo o magistrado, nada disso foi comprovado.
Após solicitação no processo, o juiz autorizou que a guarda definitiva dos animais seja concedida a uma defensora da causa animal que acompanhou o caso ou a uma instituição habilitada. Segundo a decisão, os cães devem ser destinados à adoção responsável após o término dos tratamentos de saúde.
Os condenados poderão recorrer em liberdade, como já vinham respondendo ao processo.
O OUTRO LADO
Procurado pelo g1, Gilberto Alessandro Vital afirmou que deve se manifestar em detalhes nos próximos dias, após conversar com o advogado do casal. Ele negou as acusações e disse possuir provas de que não houve maus-tratos, incluindo relatos de vizinhos, pessoas que frequentavam o local e médicos veterinários que acompanhavam os animais.
Gilberto também negou que o local funcionasse como canil clandestino e reforçou que o casal tirava do próprio bolso para acolher cães abandonados.
(Com informações do Diário de Justiça e g1 Piracicaba)
Por: Da redação