Foto: Reprodução
Influenciadora passou por audiência de custódia nesta quinta-feira (2); investigações apontam movimentação de R$ 15 milhões em contas dela e da mãe
A Justiça manteve a prisão de Laís Rodrigues Moreira, conhecida como Japa, alvo da Operação Modo Selva, deflagrada contra o uso de vídeos falsos (deepfakes) de celebridades para aplicar golpes digitais. A audiência de custódia foi realizada nesta quinta-feira (2).
Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo, a audiência serviu apenas para verificar se houve alguma irregularidade no ato da prisão, que foi considerada legal. Com isso, Japa segue presa.
Durante a operação, a mãe da influenciadora também foi detida, e na casa dela, em Piracicaba, foram apreendidos três motos de luxo e um carro.
Segundo a Polícia Civil, as investigações apontam movimentação atípica de R$ 15 milhões nas contas de Japa e da mãe em um período de seis meses a um ano.
Com mais de 123 mil seguidores no Instagram, a influenciadora ostentava fotos com carros e motos de luxo, mansões e embarcações. Segundo a Polícia Civil, ela ajudava a impulsionar os golpes digitais e promovia jogos de azar ilegais.
A defesa da influenciadora enviou uma nota sobre o caso:
“A Defesa Técnica de LAÍS vem, com respeito às instituições, manifestar sua surpresa e irresignação diante do cumprimento dos mandados ocorridos na manhã desta data, especialmente porque, até o presente momento, não teve acesso à decisão judicial que determinou sua prisão, o que impede o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa — fundamentos basilares do Estado Democrático de Direito.
LAÍS, pessoa primária e de conduta ilibada, jamais se esquivou de colaborar com qualquer investigação e, se intimada, teria se apresentado espontaneamente para prestar os esclarecimentos devidos. Assim, a medida extrema e precoce de privação da liberdade revela-se, em nossa visão, desproporcional e contrária ao espírito da Constituição da República, que consagra a liberdade como regra e a prisão como exceção.
Confiamos na Justiça e acreditamos que, tão logo os fatos sejam devidamente apreciados sob o crivo do devido processo legal, a revogação da prisão se imporá como imperativo da razão jurídica e da prudência institucional.”
A OPERAÇÃO
A Operação “Modo Selva” é coordenada pela Delegacia de Polícia de Investigação Cibernética Especial – DICESP e Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos Dercc), do Rio Grande do Sul, e cumpre 26 ordens judiciais em diferentes estados, incluindo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pernambuco, São Paulo e Bahia. No interior paulista, são cumpridos mandados em Piracicaba e Hortolândia, com apoio do Departamento de Investigações Criminais (DEIC) de Piracicaba.
Na quinta-feira (1º), a polícia apreendeu três motocicletas de luxo e veículos na residência da influenciadora, localizada em um condomínio fechado na região do Bairro Pompéia, em Piracicaba (SP). Na cidade, foram cumpridos dois mandados de prisão.

Foto: Polícia Civil
COMO FUNCIONAVAM OS GOLPES
A investigação aponta que o grupo criminoso utilizava tecnologia de deepfake para criar vídeos falsos de celebridades, como Gisele Bündchen, Angélica Huck, Juliette, Maísa e Sabrina Sato, promovendo produtos inexistentes. O conteúdo era divulgado em redes sociais por perfis falsos e os consumidores eram direcionados a sites fraudulentos para fornecer dados pessoais e realizar pagamentos via PIX.
Além disso, os valores obtidos eram lavados por meio de empresas fantasmas e contas de “laranjas”, incluindo idosas, enquanto os criminosos ostentavam nas redes sociais veículos de luxo e viagens internacionais.

Boslas de luxo e aparelhos eletrônicos também foram apreendidos na casa da influenciadora, em Piracicaba - foto: Polícia Civil
Segundo a polícia, a operação resultou em prisão preventiva de sete investigados, cumprimento de nove mandados de busca e apreensão, sequestro e indisponibilidade de veículos, bloqueio de ativos, contas bancárias e carteiras de criptoativos, que juntos podem somar até R$ 210 milhões.
A Polícia Civil reforça à população a importância de verificar a autenticidade de perfis e empresas antes de fornecer dados ou realizar pagamentos, e denunciar qualquer suspeita de golpe, mesmo que o valor seja baixo.

Foto: Enzo Oliveira | TV Metropolitana
Por: Da redação