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PACIENTE COM INFARTO É LIBERADO QUATRO VEZES DA UPA VILA CRISTINA, GERIDA PELA OSS MAHATMA GANDHI, QUE É ALVO DE INVESTIGAÇÃO

Publicada em: 25/08/2025 20:35 -

Foto: Danilo Telles / MTV

A rotina de dor e desespero de um paciente idoso com infarto, que procurou a UPA Vila Cristina quatro vezes em uma semana, expõe a fragilidade do sistema de saúde de Piracicaba. O caso, que culminou com o paciente infartado e à espera de uma vaga em hospital, levanta sérios questionamentos sobre a conduta médica na unidade, administrada pela Organização Social de Saúde (OSS) Mahatma Gandhi, que já está sob investigação do Ministério Público.

A saga do paciente começou no domingo, 17 de agosto, quando ele buscou a UPA Vila Cristina com fortes dores no peito, costas e mal-estar. Após ser medicado, foi liberado. Na terça-feira (19), os sintomas voltaram. O médico que o atendeu suspeitou de problema intestinal e o dispensou novamente.

O quadro se agravou na madrugada de quarta-feira (20), quando o paciente retornou à UPA pela terceira vez. Somente nesse momento, um outro profissional solicitou exames de sangue, que confirmaram o infarto. O paciente foi internado, mas após dois dias sem piora, foi liberado novamente na sexta-feira (22), sem o devido encaminhamento para um hospital.

No último domingo (24), ele voltou à UPA com os mesmos sintomas. Exames de sangue e eletrocardiograma confirmaram um novo infarto. Na troca de plantão, o mesmo médico que o liberou no dia 17 fez a liberação mais uma vez. Na segunda-feira (25), após uma consulta com um cardiologista, o infarto foi novamente constatado e o paciente foi encaminhado pelo SAMU para a UPA Piracicamirim, onde aguarda por uma vaga em um hospital.

A Secretaria de Saúde de Piracicaba, que tem as UPAs gerenciadas pela OSS Mahatma Gandhi não respondeu sobre a política de acompanhamento de pacientes de emergência e a fiscalização sobre a OSS, que é investigada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público de São Paulo por um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro.

A Operação "Duas Caras", deflagrada no início de agosto, investiga desvios de mais de R$ 1,6 bilhão. A ação incluiu busca e apreensão de documentos e computadores nas UPAs de Vila Cristina e Vila Sônia, que são administradas pela OSS.

Em nota, a Secretaria de Saúde informou que o paciente estava sem dor durante todos os dias em que esteve internado, não curvou exames de sangue para infarto e sim sugestivo de descompensação de insuficiência cardíaca e  o eletrocardiograma mostrou infarto prévio (antigo) com possível formação de aneurisma de ventrículo esquerdo.

Após inúmeros exames sem curva, foi solicitada, com segurança, avaliação em nível ambulatorial. A UPA não dispõe de cardiologista, portanto, a avaliação foi em nível ambulatorial. A Secretaria também informa que, em reunião com o Hospital Regional, está sendo definido um novo fluxo para esse tipo de caso. Nesse novo fluxo, o Hospital Regional poderá cuidar dos pacientes com infarto evoluídos enquanto aguardam cateterismo ou após o tratamento, assim como casos suspeitos de angina, já sem crise de dor e exames de sangue normalizados, como o caso do paciente.

Até o momento, a OSS Mahatma Gandhi não se pronunciou sobre o caso. O espaço para manifestações permanece aberto.

Texto: Danilo Telles / Jornalista

Publicado por Letícia Alves / Grupo Metropolitana

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