Foto: REUTERS/Carlos Barria
O anúncio do presidente dos
Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de tarifas de importação mais
elevadas a uma ampla gama de produtos estrangeiros já começa a reverberar em
Piracicaba. A nova medida prevê sobretaxas de até 60% sobre itens chineses,
além de tarifas generalizadas, incluindo 25% sobre aço e alumínio e 10% para
demais produtos importados — o que afeta diretamente setores estratégicos da
economia brasileira e, especialmente, piracicabana.
Para Maurício Benato,
presidente da Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (Acipi), o
cenário representa um desafio significativo para o comércio e a indústria de
Piracicaba.
“A imposição de tarifas
generalizadas sobre produtos importados reacende uma preocupação importante
para o comércio exterior e, particularmente, para os setores produtivos de
Piracicaba.”, destacou Benato.
“Para Piracicaba, que se
destaca como um polo industrial, agroindustrial e tecnológico, com empresas
integradas às cadeias globais de valor, esse posicionamento traz insegurança e
ameaça direta à competitividade dos produtos locais. Setores como o de máquinas,
implementos agrícolas e autopeças, que tradicionalmente mantêm relações
comerciais com os Estados Unidos, podem sofrer perdas significativas caso esse
cenário se concretize.”
Segundo Maurício, além da
possível retração nas exportações, há reflexos também no comércio local.
“A redução na demanda por
produtos exportáveis pode impactar a geração de empregos, o consumo interno e a
movimentação no varejo, criando um efeito dominó na economia piracicabana.
Pequenos e médios negócios, que muitas vezes giram em torno da atividade industrial,
também podem sentir os efeitos da desaceleração.”, conclui.
Diante desse contexto, a Acipi
reforça a importância da diversificação de mercados e da ampliação de acordos
comerciais que garantam maior estabilidade e previsibilidade às empresas.
Também defende o fortalecimento de políticas de apoio à inovação, à exportação
e à indústria nacional, como forma de proteger e impulsionar o desenvolvimento
econômico local, assim como a reforma tributária.
Já para o setor metalmecânico,
o alerta vem do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material
Elétrico de Piracicaba (Simespi). O primeiro vice-presidente, Paulo Estevam
Camargo, afirmou que as empresas brasileiras exportadoras de aço e alumínio
serão as primeiras a sentir os efeitos diretos do tarifaço.
“Creio que, num primeiro momento, a despeito do
aumento no imposto, os importadores americanos continuarão comprando aço para
não parar a produção. Porém, o ajuste no preço virá e poderá causar uma queda
no volume de compra e, consequentemente, o fechamento de postos de trabalho. Isso
repercutirá sobre os mercados fornecedores. Posso dizer que o Brasil está numa
posição relativamente confortável se comparado à China (maior produtor de aço
do mundo), que foi sobretaxada em 34%.”
O Simespi afirma que vai monitorar os eventuais
impactos dessa medida do governo Trump sobre o setor metalmecânico e está
pronto a apoiar as empresas associadas com orientação e informação qualificada
para ajudar na tomada de decisões.
Por: Da redação