Foto: Antonio Augusto / STF
Primeira Turma do STF avalia
denúncia da PGR contra Bolsonaro, Heleno, Braga Netto, Cid e outros
investigados.
Os ministros da Primeira Turma
do Supremo
Tribunal Federal (STF) retomam, na manhã desta quarta-feira
(26/3), o julgamento para decidir se aceitam ou não denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra
o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete aliados em ação sobre suposta
tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Depois de o relator do caso no
STF, ministro Alexandre de Moraes, liberar o processo e solicitar sua inclusão
em pauta para julgamento presencial, o ministro Cristiano Zanin designou três
sessões para a apreciação da denúncia contra o chamado Núcleo 1, o principal
grupo de acusados pela PGR. As duas primeiras sessões aconteceram na última
terça-feira (25/3), às 9h30 e às 14h, e a terceira será realizada nesta quarta,
às 9h30.
Como foram as sessões de
terça-feira
- O julgamento teve início com a abertura
solene pelo presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal
(STF), Cristiano Zanin.
- Logo depois, o relator do caso, Alexandre
de Moraes, realizou a leitura do relatório, que ainda não é o voto dele no
caso.
- Por 30 minutos, o procurador-geral da
República, Paulo Gonet, fez a sustentação oral da PGR e classificou como
tentativa de golpe a atuação dos denunciados.
- As defesas dos oito denunciados fizeram
suas sustentações orais, de cerca de 15 minutos cada.
- A volta da pausa para o almoço foi marcada
pela votação das preliminares apresentadas pelas defesas. A Primeira Turma
julgou se o STF teria competência legal para julgar o caso, se o
julgamento deveria ser no plenário do STF, e não na Primeira Turma, e se o
relator Alexandre de Moraes é parcial para julgar os acusados.
- Também foi votada a nulidade da
colaboração premiada de Mauro Cid.
- Os ministros avaliaram o pedido dos
advogados dos denunciados, que alegaram que tiveram o direito de defesa
cerceado.
- Os ministros também decidiram sobre se o
pedido de dividir a ação penal em núcleos violou o princípio da
“individualização da ação penal”.
- Todas as preliminares foram rejeitadas
pela Primeira Turma.
Nesta quarta, o relator do
caso, Alexandre de Moraes, será o primeiro a apresentar seu voto. A sequência
dos ministros será a seguinte: Flávio Dino, Cármen Lúcia, Luiz Fux e, por fim,
o presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin.
O chamado Núcleo 1 do processo
sobre a trama golpista inclui:
1. Jair
Bolsonaro, ex-presidente;
2. Alexandre
Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
3. Almir
Garnier Santos; ex-comandante da Marinha do Brasil;
4. Anderson
Torres; ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito
Federal;
5. Augusto
Heleno; ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência;
6. Mauro
Cid; ex-chefe da Ajudância de Ordens da Presidência;
7. Paulo
Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e
8. Walter
Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.
Avaliação preliminar
Essas sessões não são o
julgamento de mérito da questão. Os ministros não vão dizer se os acusados são
culpados ou se devem ser presos. Trata-se do recebimento ou não da denúncia. É
uma avaliação preliminar sobre o caso, quando os ministros dizem se há indícios
mínimos na investigação. Se a denúncia for rejeitada, o caso é arquivado.
Se o colegiado entender que
existem indícios, será aceita a denúncia. Assim, os acusados pela PGR viram
réus e será aberta ação penal contra eles. A partir daí, começa a instrução do
caso, com depoimentos dos réus e das testemunhas.
A fase inicial é a de
instrução, quando testemunhas são ouvidas e as provas, colhidas, caso
necessário. Só após a instrução, a ampla defesa e o contraditório, é que o caso
vai ao plenário da turma para ser analisado. Não há prazo previsto para isso. Após esta etapa, haverá outro
julgamento. Desta vez, de mérito: é aí que os ministros vão decidir se
Bolsonaro e seus aliados são culpados ou inocentes por toda a trama golpista.
Se forem inocentados, o processo será arquivado.
Se condenados, terão fixadas penas de forma individual, a depender do entendimento do STF sobre o papel de cada um na trama.
Manoela Alcântara, Pablo Giovanni e José Augusto Limão / Metrópoles
Publicado por Danilo Telles / TV Metropolitana