Foto: Rafaela Felicciano / Metrópoles
Ministros Cristiano Zanin e
Dias Toffoli votaram antecipadamente, ampliando o placar para 6 a 0 pela
condenação da parlamentar.
O Supremo
Tribunal Federal (STF) formou, nesta terça-feira (25/3),
maioria para condenar a deputada federal Carla
Zambelli (PL-SP) a 5 anos e 3 meses de prisão, além da perda do
mandato parlamentar, pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e
constrangimento ilegal. Mesmo
com o pedido de vista do ministro Nunes Marques, Cristiano Zanin e Dias Toffoli votaram antecipadamente,
ampliando o placar para 6 a 0 pela condenação da parlamentar, seguindo o voto
do relator, Gilmar Mendes. O julgamento ocorre no Plenário Virtual do STF.
Com a solicitação de Nunes
Marques, a análise do caso fica suspensa até que o ministro devolva o processo
para deliberação. Zambelli responde por sacar uma arma contra um jornalista em
via pública, em São Paulo, durante o segundo turno das eleições de 2022.
A sessão começou às 11h de
sexta-feira (21/3) e estava prevista para seguir até as 23h59 da próxima
sexta-feira (28/3). Veja
o que diz o voto de Gilmar Mendes:
- Unificação das penas fixadas para cada
crime, nos termos dos arts. 69 e 72 do Código Penal, totalizando o
montante de 5 anos e 3 meses de pena privativa de liberdade e 80
dias-multa, observada a execução da pena de reclusão antes da pena de
detenção.
- Fixa o regime inicial de cumprimento de
pena em semiaberto.
- Entende que o STF sedimentou, por larga
maioria, que condenação criminal transitada em julgado resulta na perda do
mandato, independentemente da quantidade de pena aplicada, do regime de
cumprimento de pena ou de posterior decisão da Casa do parlamentar.
- Portanto, em atenção à jurisprudência
desta Corte, decreta a perda do mandato parlamentar da deputada federal
Carla Zambelli como efeito da condenação criminal.
- Determina cancelamento definitivo da
autorização de porte de arma de fogo da ré. A arma de fogo apreendida deve
ser levada ao Comando do Exército.
Ação penal
Em agosto de 2023, o STF abriu
ação penal após denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra
Zambelli por ela ter perseguido, de arma em punho, o jornalista Luan Araújo,
considerado apoiador do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O caso aconteceu em outubro de
2022, pelas ruas dos Jardins, bairro nobre de São Paulo, e é julgado pelo STF. A advogada Dora Cavalcanti,
que representa o jornalista Luan Araújo, afirma que o voto do ministro Gilmar
Mendes “reconstitui com precisão a dinâmica da violência sofrida pela vítima”.
“Essas imagens asseguraram a
verdade e mostraram que Carla Zambelli não teve sua integridade física ameaçada
e reagiu de forma desproporcional e violenta a uma discussão”, pontua a
advogada, acrescentando que a deputada não podia portar sua arma em via pública
daquela maneira.
“Não satisfeita em perseguir
Luan, que gritava por socorro, ela o mandou deitar no chão sob a mira de uma
arma. Foi importante ter a verdade sobre os fatos preservada. Nosso papel foi
levar aos autos os diversos vídeos captados por pessoas – como um casal que
estava na rua e um garçom da padaria –, que tiveram a coragem de apresentar
essas imagens e de testemunhar perante o STF”, conclui a defensora.
Defesa de Zambelli
O advogado de Carla Zambelli,
Daniel Bialski, reclamou, por meio de nota, do cerceamento do direito de defesa
oral no processo. Como o caso é julgado em plenário virtual, a defesa expõe
seus argumentos em vídeo.
“Essa seria a melhor oportunidade de evidenciar que as premissas colocadas no voto proferido estão equivocadas. Esse direito do advogado não pode ser substituído por vídeo enviado — cuja certeza de visualização pelos julgadores inexiste. Mas, apesar desse cerceamento da defesa, foram ainda enviados e despachados memoriais com os ministros para motivá-los a ter vistas e examinar minuciosamente os autos”, informou o advogado.
Texto: Manoela Alcântara / Metrópoles
Publicado por Danilo Telles / TV Metropolitana